sábado, 11 de outubro de 2025

Oficialmente aberta programação dos 20 anos do Ecomuseu de Maranguape com o 1º Seminário Ecomuseus e Geoparques do Estado do Ceará. Acompanhe agenda especial 2025/2026.

 

A programação dos 20 anos do Ecomuseu de Maranguape, que teve a honra de  iníciar com o 1º Seminário Ecomuseus e Geoparques do Estado do Ceará (1ºSEGEOCE) nos dias 03, 04, 05 de outubro de 2025. Representa um registro fundamental para a instituição e para o patrimônio cultural e natural da região, sobretudo para iluminar as atividades comemorativas até 12 de Outubro de 2026.

Este evento inicial, de grande relevância científica, cultural e comunitária, não apenas abriu a celebração de duas décadas de práxis museológica, mas também estabeleceu uma plataforma de produção, discussão e de intercâmbio de conhecimentos sobre a função social dos ecomuseus e dos geoparques. Ao reunir especialistas, gestores e comunidades, o seminário amplificou o debate sobre a importância de abordagens participativas na salvaguarda da memória, da paisagem, dos saberes e fazeres e da biodiversidade local, fortalecendo a missão educativa e transformadora das iniciativas museológicas de base comunitária.




Sobre o 1º SEGEOCE:

O 1º Seminário Ecomuseus e Geoparques do Estado do Ceará (SEGEOCE) destacou-se pela qualificada participação de representantes de diversas iniciativas museológicas, que enriqueceram significativamente a composição dos painéis temáticos. 

O Painel I, dedicado à temática "Ecomuseus", proporcionou um valioso intercâmbio de ricas experiências e conhecimentos. Contamos com as contribuições essenciais de:

- Dalisson Cavalcante, representando o próprio Ecomuseu de Maranguape, apresentou as práticas e desafios específicos da instituição anfitriã, consolidando a pertinência do debate.

- Ednaldo Vieira, representando a Fundação Mata Atlânica Cearense (Maranguape/Ceará), que compartilhou as abordagens da instituição na preservação ambiental e cultural. 

 - Antônio Ferreira, do Museu Comunitário de Sapupara (Maranguape/Ceará), trouxe a perspectiva vital da museologia comunitária e seu impacto direto na valorização das identidades locais. 

Cristina Nobre, do Ecomuseu dos Baixios, no Cariri cearense, ampliou o panorama com as especificidades de sua região. Essa diversidade de vozes garantiu uma abordagem interdisciplinar sobre os desafios e sucessos na gestão e atuação dos ecomuseus.

A condução e o aprofundamento das discussões foram magnificamente orquestrados pela moderação da Secretária de Cultura e Turismo de Maranguape, Adelaide Prata. O sucesso deste painel, em especial, ressaltou a importância de congregar diferentes vozes e experiências para construir um panorama abrangente e inspirador sobre o futuro da museologia no Ceará. Acompanhemos os textos resumos das comunicações orais:


Nas palavras de Dalisson Cavalcante (Ecomuseu de Maranguape):


Abordei o caráter histórico do criação do Ecomuseu de Maranguape e como a organização comunitária foi importante para o projeto. Seu impacto social na comunidade de Cachoeira e na formação de jovens que participam das atividades do programa de Agentes Jovens do Patrimônio Cultural. Nosso calendário cultural e visitas guiadas representando essa jornada de 20 anos de ações do Ecomuseu em Maranguape.


Nas palavras de Ednaldo Vieira (Fundação Mata Atlântica Cearense):


A Fundação Mata Atlântica Cearense, tem como missão a defesa da Mata Atlântica Brasileira, especialmente dos Ecossistemas Associados à Mata Atlântica no Estado do Ceará, a saber: Encraveis Florestais, Manguezais e Restingas.  É finalidade estatutária da entidade a defesa do Patrimônio Histórico e das comunidades tradicionais. O Povo Serrano é um povo tradicional que vive na invisibilidade e no vazio de políticas públicas que garantam a preservação do seu fazer cultural e assim: a sua sustentabilidade cultural, social, ecológica e econômica. O Memorial do Povo Serrano é uma iniciativa que tem como objetivo colocar o Povo Serrano e a Comunidade Serrana no Mapa da Sociobiodiversidade Brasileira, como estratégia de resguardar toda a sua contribuição cultural para as atuais e futuras gerações. O Povo Serrano é um verdadeiro “Povo da Floresta”, no Estado do Ceará e em dezesseis outros Estados Brasileiros que fazem parte do Domínio do Mata Atlântica no Brasil e são exílios na preservação, conservação e uso sustentável das florestas atlânticas, destaque para o cultivo do café sombreado, no uso da agroecologia na sua produção de alimentos, no cuidado e preservação de nascentes, riachos e rios. No Ceará a cultura e a presença do Povo Serrano estão sendo mutiladas pelo capitalismo predatório, representado principalmente pela especulação imobiliária, e é urgente resgatar a história e preservar também a memória individual e coletiva deste povo, que também é parte do nosso Patrimônio Histórico.


Nas palavras de Antônio Ferreira (Museu Comunitário de Sapupara):

 O Museu Comunitário do Território de Sapupara é um equipamento gerido pelo Instituto Arrevoar (OSC) a produção cultural perpretada por essa instituição são voltadas a todo povo maranguapense, sendo que suas ações se dão de forma centralizada no território da Sapupara que compreende (Baixio, Bragantino, Gereraú, Tabatinga, Sapupara, Alto do Cemitério e Engorda). Faz pouco, muito recente, no dia 03 de agosto de 2024 que conseguimos inaugurar o espaço físico, completamos um ano faz dois meses. A trajetória de dez anos e a chegada no presente nos volta ao compromisso com o fazer da museologia em Maranguape. Pois, é essencial pelo fato de que são os museus comunitários, a pelo menos vinte anos, grupos e coletivos que são responsáveis pela salvaguarda da memória e história ativa da cidade e principalmente da história dos moradores de territórios empobrecidos pelos "donos do poder".



Nas palavras de Cristina Nobre (Ecomuseu dos Baixios):

Eu sou Cristina Alana Ferreira Nobre, professora, moradora do distrito Baixio das Palmeiras, na zona rural do município de Crato, Ceará. Sou militante dos movimentos de resistência e da cultura dos "Baixios". Falamos essa expressão "Baixios" porque o núcleo do nosso distrito é formado por várias comunidades, entre elas: Baixio do Muquém, Chapada do Baixio, Baixio do Oiti e entre outras. E entendemos que essas localidades estão compreendidas não só pela proximidade geográfica, mas também pela história ligada aos saberes-fazeres ancestrais e ao bem-viver. Nossos Baixios caracteriza-se por ser um território agrícola e com diversos movimentos culturais, cabe citar: o cemitério do angico que expressa memória e religiosidade popular; O ponto de cultura Casa de Quitéria sendo um espaço de memória e cultura dos Baixios evidenciada por uma ilustre filha do lugar: Quitéria Ferreira Nobre, ao lado da temos a agrofloresta babaçu cultivada pelo professor e agroflorestor Liro Nobre; a Casa de  farinha mestre Zé Gomes, um ponto de memória e cultura em que se busca resgatar uma prática comum no distrito antigamente que eram as farinhadas que além de uma produção econômica, era um espaço de encontros e amizades. O grupo cultural Maneiro Pau, uma brincadeira que envolve músicas, cacetes, circularidade e improvisos, esse formado somente por homens, porém temos outro grupo de maneiro pau feminino formada pela mestra Maria Lúcia Nunes também administradora da casa de farinha anteriormente citada que leva o nome do seu pai, o senhor José Gomes; Ainda sobre o protagonismo feminino importante ressaltar o grupo das fuxiqueiras da Chapada do Baixio, formada por 11 mulheres que se reúnem diariamente para trabalharem no artesanato do fuxico. Não menos importante, destacamos o grupo das Coqueiras dos Baixios também protagonizado por mulheres que dançam e cantam a cultura popular. Assim com todas essas potencialidades surgiu a ideia de se mapear e elaborar o chamado "corredor cultural" e transformar os Baixios em um espaço de ecomuseu. Entretanto, existe um projeto para os Baixios, é o projeto do CAC, através dessa obra o desenvolvimento, o progresso, o moderno se consolidam, na geografia agrária se diz assim, a territorialização do capital no campo, simultaneamente, a desterritorialização das comunidades tradicionais. Esses mundos estão em confronto direto, o nosso projeto para os Baixios é o projeto da cultura, maneiro pau, coqueiras, banda cabaçal, é o projeto da agricultura familiar de base camponesa, os Baixios pra gente é o riacho do pinga, é a pedra do urubu, não é o CAC, não é a cidade atropelando as matas e as roças. O nosso projeto é da cultura, da ecologia, da agricultura familiar de base camponesa.



O Painel II do 1º SEGEOCE, dedicado à temática dos Geoparques, foi um dos pontos altos do evento, proporcionando uma imersão profunda na experiência e no potencial desses territórios reconhecidos pela UNESCO. O painel teve a participação dos coordenadores do Geopark Araripe, os Professores Rafael Reis e Paulo Wendell, ambos da Universidade Regional do Cariri (URCA). Eles trouxeram para o debate a rica trajetória do Geopark Araripe, o primeiro das Américas, compartilhando valiosos insights sobre sua gestão, os desafios da conservação geológica e cultural, e as estratégias para o desenvolvimento sustentável da região do Cariri cearense. A expertise dos professores Reis e Wendel iluminou a complexidade e a importância da articulação entre pesquisa científica, educação ambiental e engajamento comunitário na consolidação de um geoparque.


Nas palavras de Rafael Reis (Geopark Araripe/URCA):

 Conversamos sobre a Geodiversidade, o que é, o que abrange, e sua importância na valoração patrimonial em uma perspectiva integrada. Exemplificamos com o Geopark Araripe, demonstrando como isso acontece na prática. Os pontos positivos e desafiadores de se tornar um Geoparque Mundial da UNESCO, e a necessidade dos próprios locais identificarem qual o melhor caminho para a Gestão Territorial, com base na extensão e geopolítica desse território.


Nas palavras de Rafael Reis (Geopark Araripe/URCA):


Foi abordado o rito para apresentação de uma nova proposta (projeto) para ingressar na Rede Global de Geoparks, integrando diversos aspectos do território, a partir do Patrimônio Tangível e Intangível. A fala foi finalizada, apresentando experiências desenvolvidas pelo Setor de Cultura do Geopark Araripe Mundial da UNESCO.



A moderação deste painel foi conduzida com maestria por Igor Nobre, uma figura emblemática da comunidade dos Baixios, no Cariri cearense. A escolha de Igor como moderador não foi aleatória; ele é um entusiasta e um dos principais articuladores do processo de criação de um ecomuseu em sua comunidade, demonstrando a intersecção entre as temáticas de ecomuseus e geoparques. Sua perspectiva, vinda diretamente de uma iniciativa comunitária em fase de estruturação, enriqueceu o diálogo ao trazer à tona as necessidades e expectativas de quem vivencia de perto a relação entre patrimônio e comunidade. A moderação de Igor não só facilitou a troca de conhecimentos, mas também inspirou os participantes ao exemplificar o potencial de mobilização local para a valorização de seus próprios patrimônios, conectando as discussões sobre os grandes geoparques com as iniciativas ecomuseológicas que emergem do solo cearense.



Um dos resultados mais emblemáticos e de longo alcance do 1º Seminário Ecomuseus e Geoparques do Estado do Ceará (SEGEOCE) foi a formalização de dois importantes protocolos de parceria, assinados por todos os entes que compuseram a comissão organizadora. Essa união estratégica congregou instituições comunitárias, da gestão pública, de ensino e culturais: a Secretaria de Cultura e Turismo de Maranguape, a Universidade Regional do Cariri (URCA), o Geopark Araripe, a ABREMC, a Fundação TERRA, o Centro Comunitário de Cachoeira, o próprio Ecomuseu de Maranguape, o Museu Comunitário de Sapupara e a Fundação Mata Atlântica Cearense. A assinatura desses protocolos não foi apenas um ato burocrático, mas um compromisso coletivo que solidifica uma rede de colaboração e apoio mútuo, projetando impactos significativos no cenário cultural, científico e turístico do Ceará.







Os protocolos estabelecem diretrizes claras e significativa. Em primeiro lugar, preveem o apoio a iniciativas de pesquisa e extensão, com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre os patrimônios naturais e culturais do estado e de aplicar esse saber em benefício das comunidades. Isso inclui a elaboração conjunta de projetos que buscarão fomento e recursos para transformar ideias em ações concretas. Contudo, o ponto mais estratégico e inovador desses acordos é a formalização de um suporte científico, museológico e cultural robusto entre os signatários. Este suporte será fundamental para duas iniciativas de grande potencial: a criação do Ecomuseu dos Baixios, no Cariri Cearense, que agora contará com o respaldo de instituições experientes para sua estruturação e desenvolvimento; e, de maneira visionária, o início dos estudos de viabilidade para o futuro Geoparque da Serra de Maranguape. Essa articulação demonstra uma compreensão profunda da sinergia entre ecomuseus e geoparques, utilizando o conhecimento consolidado do Geopark Araripe e a experiência ecomuseológica para fomentar novos arranjos para o desenvolvimento itntegral dos territóros contemplados. 



A programação do 1º SEGEOCE e das celebrações dos 20 anos do Ecomuseu de Maranguape foi cuidadosamente elaborada para ir além das discussões acadêmicas, proporcionando experiências imersivas no rico patrimônio local. Nesse sentido, um dos momentos mais aguardados e aplaudidos foi o belíssimo roteiro guiado pelo Centro Histórico de Maranguape. Essa experiência cultural, conduzida com maestria pelo turismólogo da Secretaria de Cultura e Turismo de Maranguape (SECULT Maranguape), Alexandre Cabral, permitiu que os participantes mergulhassem na história e nas belezas arquitetônicas da cidade.


Alexandre Cabral, com sua profunda paixão e conhecimento da história e das tradições de Maranguape, transformou o passeio em uma verdadeira aula a céu aberto. Ele não apenas apontou os monumentos e edificações históricas, mas também teceu narrativas envolventes sobre a formação da cidade, seus personagens ilustres, como Chico Anysio, e as transformações sociais e econômicas que moldaram a identidade maranguapense. 







O roteiro percorrido revelou a alma da cidade, destacando a arquitetura colonial, as antigas ruas e praças, e os casarões que guardam séculos de memória. Essa vivência prática reforçou a proposta do Ecomuseu de Maranguape de valorizar o patrimônio não apenas em seu aspecto material, mas também nas histórias e vivências que o constituem, conectando os participantes diretamente com o território e a cultura local. A condução de Cabral não só evidenciou o potencial turístico da cidade, mas também sublinhou a importância de guias capacitados para desvendar as camadas de significado de cada esquina e cada fachada, enriquecendo a percepção dos visitantes sobre o vasto e diversificado patrimônio de Maranguape.




A continuidade da programação comemorativa, a partir deste seminário inaugural, é essencial para consolidar o Ecomuseu de Maranguape como uma das  referências em museologia comunitária e desenvolvimento intergral do território.

Os próximos eventos e ações planejados para os anos de 2025/2026, também deverão aprofundar os laços com a comunidade, estimular novas pesquisas e projetos, e promover a conscientização sobre a importância do patrimônio cultural e a popularização da ciência. Essa série de celebrações não só honra o passado e as conquistas, mas também projeta seu futuro, reafirmando seu ideário para uma uma sociedade mais consciente, engajada e comprometida com a transformação social.




Para concluir esta retrospectiva do 1º Seminário Ecomuseus e Geoparques do Estado do Ceará (SEGEOCE), é imperativo e justíssimo afirmar que o sucesso do evento deveu-se integralmente aos esforços incansáveis e à dedicação apaixonada de todos os membros da comissão organizadora. Foi a sinergia, o empenho e os inestimáveis contributos de cada um que transformaram o SEGEOCE não apenas em um encontro produtivo, mas em um verdadeiro registro histórico, com um inegável "gostinho de quero mais" para todos os participantes e envolvidos. A capacidade de articular debates profundos, experiências inspiradoras e, sobretudo, de formalizar parcerias estratégicas, só foi possível graças à visão e ao trabalho coletivo de todos e todas.

Nossos mais sinceros e profundos agradecimentos se estendem a cada um dos colaboradores que dedicaram seu tempo, talento para tornar este evento uma realidade memorável. A equipe de Maranguape foi fundamental na organização local e na promoção do Ecomuseu de Maranguape, composta por: 

Adelaide Prata, Nádia Almeida, Dejane Costa, Dalisson Cavalcante, Leda Assis, Veronica Falcão, Cristiane Pinheiro e Alexandre Cabral. Somaram-se a eles, também com atuação em Maranguape, Antônio Ferreira e Ednaldo Vieira, que trouxeram suas ricas experiências. 

Do Cariri, a contribuição foi igualmente fundamental, com a participação de Paulo Wendel, Igor Nobre, Rafael Reis e Cristina Nobre, que enriqueceram os painéis com o conhecimento sobre geoparques e a emergente iniciativa do Ecomuseu dos Baixios. A união dessas forças e a paixão compartilhada pelo patrimônio cultural e natural do Ceará garantiram que o 1º SEGEOCE fosse um símbolo de elevado compromisso social na celebração dos 20 anos do Ecomuseu de Maranguape.


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